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Sentimentos: Abril Pro Rock 2013

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Abril-Pro-Rock-2013

Nós sempre fazemos posts com nossas impressões sobre os eventos no qual somos convidados a comparecer e assistir, nada de resenha, apenas o que nós vimos de interessante dentro dos dias e festivais. Já fizemos isso em diversos eventos espalhados pelo nordeste. Posso falar que a 21ª edição do Abril Pro Rock foi e será inesquecível para mim, mas pelo motivo errado. Em um mesmo evento acabei vivendo as experiências de primeira e última vez, é isso que a morte repentina acaba causando nas pessoas. Sendo assim, nesse ano vocês não lerão impressões sobre os dias dois dias do evento separadamente, não consigo ser profissional a esse ponto, mas tentarei passar os sentimentos que tive durante esses dois dias de muita música em meio ao caos da morte.

Silva por Rafael Passos

Silva por Rafael Passos

O festival teve início para mim no show do Silva, a estreia do capixaba em terras pernambucanas foi suave, tranquila, sem nenhum contratempo e com um pequeno público, mas bastante atento e interessado. Como foi a primeira vez que tive oportunidade de ver o projeto ao vivo, achei interessante como o mínimo de sujeira que existia no primeiro EP da banda some por completo ao vivo. É tudo muito pop e limpinho e bem executado demais, é muito bom menino, tanto que chega a ser chato. Destaque para as canções “Claridão” (aclamada pelo público) e “Cansei”, com toda a introdução bem feita no piano. Foi o melhor som que ouvi na noite da sexta no Chevrolet Hall. Após isso, a banda pernambucana Volver subiu ao palco para realizar mais um show na cidade natal, como me disse o guitarrista Kleber: “Tocar em casa é sempre bom!”. É interessante ver a fidelidade dos fãs da volver com a banda, pelo menos mil cabeças, dentre as quatro mil pessoas presentes na sexta, estavam ali interessados na Volver. Um fato curioso é que o repertório do show trouxe mais músicas dos dois primeiros discos da banda, do que do último trabalho lançado por eles, destaques para “Mangue Beatle” (o único hit do novo disco) e a bela canção “Clarice”.

Television por Rafael Passos

Television por Rafael Passos

E desculpem, mas aqui a vista começa a embaçar, o show da lendária banda americana Television começou meio lento, parecia mais um ensaio aberto, onde a banda não parecia se importar muito com o público, até a primeira COXINHA atingir o Tom Verlaine, vocal da banda, que foi bastante amistoso e devolveu a mesma pra plateia. A banda seguiu tocando algumas canções novas, alternando com clássicos, até a segunda coxinha ser jogada em direção ao Jimmy Rip, que ficou bem puto e descontou fazendo rock na guitarra. Destaque absoluto para a execução de “Marquee Moon” que levou o público ao delírio, no primeiro grande momento da noite, tanto que soube de um grande amigo, que não conhecia a banda e tinha chegado para ve-la por uma dica minha, saiu delirando e usando a expressão “incrível” para descrever o que ele viu.

Depois do Television, veio o pior show da noite, a primeira vez que vi o Marcelo Jeneci ao vivo foi dentro do Festival Recbeat 2012, evento que acontece dentro do carnaval no Recife, lembro que usei a palavra impressionante para descrever o que vi, mesmo que naquele momento minhas expectativas eram bem baixas, pois achava o primeiro disco do cantor bem normal. Voltando ao show dele no Abril Pro Rock, mesmo com uma banda competentíssima, Jeneci abusa do mais do mesmo. Ele me lembrou o Nando Reis, mas se portava no palco igual ao Arnaldo Antunes, as letras dele me parecem ter apenas um refrão e a partir daí ele utiliza o dadaísmo para emendar palavras e frases de efeitos bem obvias. Lógico que o público respondeu bem ao cantor, em meio à covers de Roberto Carlos e as canções mais populares como “Felicidade”. Eu só não entendo quando é que dá pra dançar na chuva sem estar chovendo, mas tudo bem. Diversos bracinhos pra lá e pra cá acompanharam o músico e sua banda até o final do show enfadonho.

Siba por Rafael Passos

Siba por Rafael Passos

Pra piorar as coisas pro Jeneci, após ele veio o show do cantor pernambucano Siba, que consegue ter cinco frases de efeito na mesma música, não apenas uma. Siba e sua criançada foram mais uma vez incríveis em quase uma hora de show, principalmente com músicas do último disco do cantor. A presença do grupo no Abril Pro Rock, deixa claro a importância e força do disco Avante, que fez com que Siba se apresentasse nos três grandes festivais da cidade praticamente em um intervalo de um ano. Eu não me lembro de nenhum artista que conseguiu tal feito, alguém lembra? Não é possível destacar um só momento deste show dele no Abril Pro Rock, visivelmente contente por estar ali, Siba Veloso fez questão de dedicar o show aos amigos Paulo André e Rogê, ainda disse que retornaria ao Recife no São João, dessa vez acompanhado da Fuloresta do Samba.

Por volta das duas e meia da manhã, fechando a noite, para alegria desse meu já saudoso amigo, o coletivo brasiliense Moveis Coloniais de Acaju, que voltavam a cidade para lançar mais um disco. Tenho que confessar aqui meu apreço pela banda, que conheço faz alguns anos, mas não consigo deixar de registrar quão bailinho estão soando as músicas novas, com letras fracas e melosas sobre amor e sem um pingo de graça ou sátira (presentes nos outros trabalhos do grupo). Óbvio que as músicas que mais animaram os resistentes foram as mais antigas, mas em palco a banda continua tendo um dos melhores shows do Brasil, com bastante energia, animação e interação com o público.

Peço perdão a quem esperava profissionalismo, mas tentando abraçar o mundo, este meu grande amigo deixou o Abril Pro Rock e resolveu ir para um curso em Natal dirigindo, prometendo estar presente na noite do sábado para assistir aos shows do DFC, Devotos e Dead Kennedys, mas infelizmente, esse é o tipo de vacilo que acaba não dando certo, e fui acordado no sábado com a triste notícia e choque trazido pela perda repentina. A noite anterior foi então a última vez em que poderia ter a chance de sorrir com piadas e reclamações enfadonhas, tão típicas pra mim nos últimos dez anos de Abril Pro Rock, desse meu grande amigo. O que eu pude fazer foi honrar esta grande perda pessoal, saindo de seu velório para assistir uma das bandas que ele era mais fã. Aqui agradeço publicamente a Gabriela (integrante da organização do festival), que resolveu um problema com convites (da promoção que realizamos) em que o ganhador não poderia sair prejudicado com meu atraso, devido aos fatos ocorridos.

Devotos por Rafael Passos

Devotos por Rafael Passos

Cheguei ainda em choque e bastante emocionado ao Abril Pro Rock no seu segundo dia, o tradicional dia de peso e camisas pretas, que por sinal faço questão de não vestir neste dia. Adentrei o Chevrolet Hall e a primeira coisa que pude notar foi a enorme presença de público (oito mil pessoas, segundo a produção do evento), e como a música pesada tem seguidores fiéis. Em meio aos primeiros berros de Cannibal e o trio de punk do alto José do Pinho, Devotos subia ao palco. Não sei se pelo meu estado, mas foi o melhor show que vi naquela noite, digo mais, foi um dos melhores shows que vi da banda desde 1997, ano que comecei a acompanhar o grupo de perto e ao vivo. Completamente instigados em seu retorno ao festival depois de anos, externados pelo vocalista em meio as músicas dizendo: “Que saudade do caralho Abril Pro Rock!”, o grupo tocou todos os clássicos de seus vinte e cinco anos de carreira, como “Alien”, “Devotos do Ódio”, “Eu Tenho Pressa”, todos acompanhados de perto por um público ensandecido, chorei e suei como a tempos não fazia. Praticamente emendado, outro clássico do punk rock (desta vez mundial) adentrou o palco, Dead Kennedys e tudo que a marca DK poderia representar. Ainda no começo da apresentação, a expressão “Cover de si mesmo” já pairava em minha mente. Por mais que o vocalista Ron “Skip” Greer tente ter um toque pessoal, o que eu via eram trejeitos do Jello ao vivo, visivelmente copiados por ele. O momento de maior empolgação da noite para o público foi a clássica canção “California Über Alles”, já para a banda, deve ter sido o show do SPC que acontecia ao lado, no centro de convenções.

Krisiun por Rafael Passos

Krisiun por Rafael Passos

Elevando o nível sonoro para estratosfera, os gaúchos da Krisiun provaram mais uma vez, porque são o nome mais importante do metal nacional no mundo atualmente. É impressionante a quantidade de barulho que apenas três pessoas conseguem fazer no palco. Em meio a frases como “aqui é mais de 20 anos de death metal nacional nas costas”, entoadas guturalmente por Alex Camargo, o grupo tocou grandes músicas feitas por eles ao longo da carreira. É sempre impressionante ver o Krisiun ao vivo, não apenas pela brutalidade, mas pela forma como eles conseguem comandar o público que respondia aos gritos de “Krisun! Krisiun”. Destaques para “Vengeances Revelation” e “Vicious Wrath”, fazendo ter ido ao evento fazer todo o sentido para mim. Depois de um breve intervalo, mantendo o barulho e o nível da noite, a banda de trash alemã Sodom iniciou sua apresentação com classe. O grupo foi bem recepcionado pelo público e mostrou músicas que estarão no novo disco, que será lançado ainda nesse ano. Destaque para o clássico “Remember the Fallen” que animou bastante os presentes.

Depois disso, precisava descansar, respirar um pouco de ar e resolvi por encerrar aquele longo dia de sábado. Assim terminou a 21ª edição do tradicional festival Abril Pro Rock para mim, uma edição que vai ser inesquecível, pena que pelos motivos errados. Ano que vem tem mais, espero ter forças para me fazer presente mais uma vez. Ao meu grande amigo Jua, em meio ao tempo ruim, espero que o vento esteja sempre a seu favor…

Jua


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